Os quadros falam sem dizer. Falam dentro de nós, gritam, choram, fazem nos ouvir vozes que muitas vezes não queremos escutar. Mas em si, são emoldurados pelo silêncio inerente aos objetos, às pinturas. Um quadro não fala. Mas se fizermos uma ligação das vozes presentes nos quadros mudos, que nós ouvimos cada vez que apreciamos um obra de arte de significativo porte, e as molduras que cercam a tela, poderíamos dizer que são elas, as barras, as selas, as contendoras das vozes dessas inúmeras pinturas que imploram para dizer o que já está sendo dito. As molduras do silêncio. A prisão em torno dos homens, que vivem numa cela invisível, e não falam, não cantam, não sorriem. Talvez se removêssemos as grades que nos cercam, ou as molduras das pinturas, o silêncio seria quebrado e nossos gritos seriam mais do que uma breve, passageira, e interior inaudível loucura silenciosa. Assim, resolvi remover as molduras do silêncios dos tantos quadros que contam a nossa história, e deixar eles falarem através de um interlocutor, que como qualquer outro, poderia escutar, outros silêncios, outras vozes, outras alegrias, outras dores.

domingo, 7 de junho de 2015

PRINCESA ISABEL

Num escuro claro do querer,
Assim escravo do meu desejo
Na pele crua teu negro ser
Preto dos meus desejos imundos
Me acoberte na escravidão suja
Do meu calabouço, na pele onde
Sirvo a tua servidão, minha
Irrefreável pele de desejo,
Insubmissa submissão, escravo
Negro do meu querer, sou
Teu servo para ser tua orgia
Escravidão, pelos povos tantos
Usados, matilhas e mutilados,
As presilhas no teu cilho
E nos teus olhos os grilhetes

A Pele ainda em rachaduras,
Pelos chicotes das torturas
Nos teus membros flagelados
Os garrotes dos meus vis
Pensamentos assombrados
A máscara da infâmia, que
Usam todos celerados do KKK
No corpo e na pele, seres
Humanos marcados, meu

ESCRAVO NNN

Dos tantos sabores, faça me
Engolir as pétalas dos pecados
E os gimnospermas das tantas
Flores, os pólens de melanina,
Quando me fazes sentir menina
Nesse vício tão carnal, faça
Esse teu infinito mundo eviscerar
Minha profunda finitude, tão
Humana, tão anal, comprimento
Incomensurável de teu negro
Membro, rasgando os preconceitos
Infectados dentro de mim,
Faça nascer na alma a semente
Germinal da pele negra na fleur
Du mal desse jardim, o ser
Penetrador, meu escravo do amor

Submissa insubmissão, dos
Garfos de uma aranha espanhola
Me prenda e me amarre com
As cordas de um piano mudo
Sem coração, e no útero me
Toque, me rasgue e me pinte
De preto, meu negro comedor
Mastigador, devorador da carne
Meu negro destilador de pele
E de cheiro, cheiro negro
De um gozador, esparrame sua
Evolução, sua vingança sobre mim
Presida o maior império neste mundo
De matanças e goze o resto dos
Poucos goles de gozos sobreviventes
Na pele de veludo dentro de mim
A pele com a pele, absoluta e
Carnal, arranque o plástico falsificador
Do contato com vida, e me possuas
de verdade, em feroz atrocidade
como um amordaçado animal

Não sejas interrompido pelo medo
Artificial, e rompas a minha pele
Sangrando minhas entranhas,
Expondo minhas vísceras humanas
Meus  sonhos e o líquido
Intestinal...seminal...semiótico!
Escravo da submissão, sêmen erótico
da nova gestação, a minha lúcida
Gravidez

Me arraste como um bicho, e me trema
Na mais baixa posição, rasgando
O meu mundo penetrável
Com o falacioso gigantesco
Interminável falo negro
De sua deliciosa escuridão
Para aos hereges devolvermos a
Forquilha!

Me prenda no paraíso inicial
E no meu útero coloque
Tua filha
Bastarda imperial divina
A princesa filha de Deus
A nossa nova Salve Rainha


FC



               FAMILY JULES: NNN ( NO NAKED NIGGAHS)

                                  Barkley L Hendricks

Um comentário:

  1. Maravilhoso!A vergonhosa herança escravocrata que incomoda,misturada com muito erotismo,a beleza e o vigor da raça,👏🏻👏🏻👏🏻🔝🔝🔝👍🏻👍🏿

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