Escorriam traços, assim traçava o teu caminho entre um lado
e o outro do mundo....
Uma ponte, para atravessar a distância dos objetivos dos
teus olhos nos meus
Captadores de luzes e de cores...
Uma ponte para atravessar o
mundo, numa linha...
Reta de pontos inexistentes, onde somos todos infinitos,
entre eu e você,
infinitos pontos,
uma eterna distância que se desmancha no
primeiro aperto de mão, no primeiro olhar!
uma ponte se traçava, um olhar desmanchando o infinito
na paisagem tão distante,
quando somos todos cegos num mundo de cores pessoais...
existe aqui mesmo uma mancha?
Existe em mim um pedaço do teu olhar, e entre nós
essa ponte, equidistante, um mundo atordoante para além da escuridão do olhar,
como poderia deixar de te ver, maravilha do horizonte?
Como poderia deixar de
ser verde, maravilha de olhar?
Como poderia deixar de te amar?
Misturado, diluído, cores amantes misturadas no
indissolúvel impalpável do instante,
o que aprendo com um único olhar, e não
consigo esquecer, e não consigo deixar de ver e perceber em todos os detalhes do mundo tudo o do que mais
gosto em você, de tuas cenas, de teus quadros, tuas tintas escorrendo pelos
lados, manchando o mundo com teu calor revigorante e queimando os desafetos glaciais da incertezas mundanas com a
suavidade esverdeada de um lenço de seda que escapada de tuas mãos macias e vai assim pelo mundo caindo pleno e lentamente, tingindo a paisagem e iluminando os contornos obscuros sombreados da ausência de luz, e vai assim caindo, caindo, como o sol que cai, e cai sob os pés
de um bruto marinheiro seduzido, fascinado pela beleza dos contornos sem
palavras, pelos silêncios esculturais de tuas formas delicadas e perfeitas,
adequadamente gentis, sabiamente colocadas.
As paisagens que existem dentro de nós,
e me tornam cego para o mundo quando nelas me perco, quando no teu verde me
afundo, e me dissolvo como tinta no quadro da memória dissolvida, embrenhada
nas lembranças da vida, no nascimento dos dias, da água do mar de esmeralda
escorrendo pelos meus pés, as ondas e os poucos mergulhos que me restam, o sol
se despedindo no horizonte, e teus lindos, lindos verdes olhos, pintados na
inesquecível tela, como uma ponte que nos liga, para além da eternidade, quando
uma vida não cabe dentro de um oceano só, em si mesma transbordada de tanto ser,
quando vivo, mais cego a cada dia, te perdendo um pouco mais, luz do meu
querer, sol do meu ser... dor de não ter o que mais valoro! ... a lucidez de
uma clara visão da Vida eterna ao teu lado, luz de cor e coração! Destino implacável...que nos una, que nos ate, que nos faça ser...
Para assim atravessarmos e ressoarmos menos distantes dos pontos
manchados, misturados,
Do outro lado da vida,
Espero-te
Do outro lado da ponte
FC
"A PONTE JAPONESA"
Claude Monet
emocionante esse,infinitos pontos , uma eterna distância que se desmancha....q força tem eesa frase,e vc termina com o questionamento da nossa fé...tocante
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