Há principio, no quarto barato de um motel
De beira de estrada, as trevas cobriam as
Paredes do muquifo, e algo sem face, barbado
Se movia no escuro sem forma, enrolado na
Toalha, escorregando na escuridão do banheiro
Pelos azulejos do abismo, e o homem perguntou:
-Onde está a porra da luz?
E a mulher respondeu:
-Do lado do criado mudo.
E assim o Homem falou,
E o quarto se iluminou, e se fez a luz...
O Homem no banho as águas limpas sujou, e
Separou as águas das águas, então, mais limpo,
Saiu do banho, com águas escorrendo por cima,
E outras escorridas por baixo, e ali parado, por
um instante, olhando o reflexo recém criado,
ainda meio embaçado no espelho ficou. Uma
lâmina pegou e a barba tirou. Com a face limpa,
pela primeira vez se olhou. Rugas e verrugas.
Traços de cigarros, do pó que viemos, e cheiramos,
de noites mal dormidas, traços das coisas da vida!
Ás aguas tinha de certa forma separado, aquelas
Que não tinham lhe tocado foi onde o gérmen
Não vingou, na pocilga infectada, onde o
Silêncio imperava, agora ele falava, e voz
Ao criado mudo dava, quando à criada muda
Bobagem alguma perguntou...
Estava com frio, e autoritário questionou a
Mulher ,que esperara inerte em cima da cama
A hora de sua ação, o momento exato para entrar
Em cena, como certas garotas de programas, as
Meninas dos Mecenas, a pequena floresta negra
Apelidada de pequena Helena, o Homem baixo,
De barrigada volumosa, um medíocre mestre
De obras, frustrado arquiteto, pobre construtor,
Conseguiu manter ereto, o membro criador, e sob a
floresta negra os olhos pousou. Viu em sua aclamada
sugestionada, superior e preferencial visão, a mesma em
Quadrupede posição, o excessso de vegetação,
E percebeu que podia como um jardineiro fiel
Separar a flora, as heras , as trepadeiras, os pinheiros,
mudando as plantas de Lugar, como também as faunas,
expulsando os carrapatos, as pulgas e os chatos, assim faceiro,
para não perder muito tempo, de fauna e vegetação, com
supérfluos maneirismos na expressa defloração, tudo que
No fim levaria a perda de uma tao difícil,
Conquistada e soerguida ereção. Se pôs logo a trabalhar,
Como fiel pedreiro nos confins de um galinheiro,
Em sua espetacular decoração, a mulher paga
Para se prontificar muda simplesmente se calar
sem direito a opinar, como um objeto sem sentir
As dores humilhantes daquela velha usada
Lâmina suja de barbear, abjeto tão cortante
Que como um cinzel, separando a Terra do
Céu, trazia para sua fantasia a nova origem
De um novo mundo admirável!
Sobre a mesa um pobre vinho sem rótulo
Barato e com gosto de álcool sem uva. Assim
Terminava o dia da criação quando o homem
Arquiteto do medíocre , ser que nos toca de luva
Fez um admirável mundo novo com um
Sabor de fruta lambida, o inconfundível
Sabor da vulva....
FC
AGENOLLADA AMB EL CAP INCLINAT CAP AVALL
Egon Schiele
Nenhum comentário:
Postar um comentário