Mortal presságio, de estelar terror, paira sobre nós estrela
esquálida, confunde-se sobre tua face o caminho bifurcado da vida e do horror,
a morte quase apagada, diluída, um anjo sem asas em incerta tumba, sarcófago ou
zigurate?
Não sabemos mais o que somos, se tumba viva, ou germinal
cidade? Quando as folhas te comem como o vento, quando as paredes te oprimem
em sofrimento, quando perde-se a humanidade e milhares de tijolos erguidos
sobres as faces apagadas nas paredes sem identidade, não falam mais sobre os
rostos, sobre as histórias dos encantos, as pequenas humanidades...quando
olhamos sobre a selvageria infinita das pedras e nos perguntamos se existe além
do mundo de concreto um pedaço vivo de céu... uma estrela viva que não seja
de plástico pendurada no alcance dos nossos olhos, no ilimitável dos nossos
pensamentos, se ainda podemos dentro de nós pensar sobre um mundos sem muros e tijolos...?
O passado é uma lagarta em extinção, flores brancas quase mortas, vegetações
raquíticas e tortas, são teus braços, cadavéricos e esquálidos, numa
reminiscência vaga de jardim. Secas
folhages. Outono e inverno, inverno e outono, nada mais. Tuas leis efervescentes, tábuas em linhas
tortas, não duram mais que um breve presente
auto-sustentável... morrem como os tigre da neve que não existem mais, como os
leopardos, como os rinocerontes brancos...como o mundo ao nosso redor...a vida
em extinção!
A fera conjugal, a besta glacial, macilento dias de
esquálida conquista, teus olhos sobre a mesa, e uma indiferença desbotada, teu
rosto sem maquiagem, apagado no espelho sem memória, esquecido no rosto da
civilização, sem vitória, sem mutação...descorado, sem batom, numa tarde qulaquer,
parte o nosso trem, na última tarde demais para se esquecer, as plantas
carnívoras demais para se comer, os homens e os animais de estimação, os sonhos
anêmicos, delinquidos, borrados na fumaça de verão....a fumaça do vapor do
trem, teus olhos de âmbar desbotados, também em extinção, como a lua esmaecida na
tristeza do céu, piscavam como um único adeus no sincero abandono, de uma
partida, de uma viagem sem volta, uma lágrima escorrida....a criança deixada no
beco, o antro lânguido de teus olhos vegetais...as plantas comendo os homens, e
os homens comendo os animais, selvagens, a besta incapaz de um ato de coragem
sequer, afundam assim no peito o transatlântico da mediocridade, da ferocidade
da ignorância, da ganância milenar, ser mediano, imperfeito, inábil protetor dos muros da cidade, ser humano
violador dos portões sagrados....incompetente perdedor!
Temor e medo, fúria e desejo, parte para a evaporação de sua atemporal
solidão...assim sempre foram os homens, que com dias gloriosos nas mãos,
Miseráveis, acabavam na poeira dos desertos dos ossos
rarefeitos, moídos e triturados, uma história movediça, de poeiras e lembranças
mortas...todos nós,
Vítimas do esquecimento, do egoísmo....devorando, as plantas, os restos dos nossos sonhos, dos nosso tijolos, e se aninhando nos mais
secretos desejos do quartos mais trancados dos mais secretos
Jardins do nossos volúveis e magníficos pensamentos...os
fins, os meios e seus misteriosos desaparecimentos!
FC
LA VILLE ENTIÈRE
Marx Ernst
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