Olhos meus ,
Ou olhos teus?
Como posso
Amar-te assim
Tao cegamente
Amor que não
Tem rosto, ou
Não tem cor
Amor que não
Fala da gente
Que só ama
Mais do que
Sente tudo e
Todo o amor
Invisivelmente
?
Amo-te sem
Ver-te, como
Pode isso
Ser, assim
Tão simples e
Possivelmente
?
Amar na escuridão
Todos os dias
Das nossa parvas
Exíguas Vidas
Quem nunca foi
Amante meu
Dos séculos
Passados talvez
Ou de um futuro
Breve e distante
?
Como posso
Amar-te
Tão amante,
Se sou assim
Tão só, tão
Infinitamente
Só, e sempre
Ilimitadamente
Esperando
Inutilmente
Que venhas
Tua face nua
Revelar-me
Dissipando
Névoa da noite
Branca cálida
Poente, de
Olhos de âmbar
Em túnel
Crepuscular...
Como posso assim
Um amor sem
Rosto amar
E amar, sem
esquecer
Que ele poderá
Sequer vir, ou
se já veio, poderá
Nunca mais
Voltar?
Sinto isso tão
Sozinho e
Pouco inquieto
No peito meu
Teu rosto
Apagado,
Os contornos
Sempre incertos
Sempre o
Mesmo rosto
Quando te
Beijo à luz
De velas
Com os olhos
Sempre fechados
E de todas
Humanas
Presenças
Do mundo
Eu sei
Absoluto
E certeiro
Que és tu
Meu companheiro
Cujo rosto velado
Pelas nuvens
Do destino
Encoberto
Pelo véu
Dos descaminhos
Tantos, e tantos
cheios! de desvios
repletos...
longas milhas
e torpes vis
armadilhas
Não abalam
Minha certeza,
Nem me fazem
Chorar menos
Quando só
Espero por ti
Pela tua lendária
Aparição, rosto
De sabor infinito
Que mora nos
Castelos dos
Meus sonhos
Na beleza pura
Do desconhecido
O amor sem
Condição
Um rosto
assim
feito de nuvens
uma simples
sensação,
uma face feita
de cores amantes
que se tocam
e depois de enlaçadas
como a chuva
encosta o chão,
apertam-se
os dedos
e nem depois
de uma
eternidade
inteira
conseguem
mais
desatarem-se
as mãos...
Assim vivo
Na soturna
Espera, de
Tamanha
Eterna
Revelação
Quando sem
O nosso amor
Sobrevivemos
Sozinhos,
Noturnos
Silenciosos,
Num destino
Um pouco mais
Escuro, uma
Tela sem
Moldura
Molduras
do silêncios
nos calam
e nos prendem
numa cela
sepultura
onde do mar
vemos apenas
o reflexo
de uma onda
viva, que
grita: -Vem!
pelo buraco
negro da
fechadura...
Pela espera
de Ninguém!
Uma vida
Pouco mais
Cinza e
Viciosa
Um pouco
Menos clara
Pouco mais
Dura
Intercalando
o espetáculo
do amanhecer
com as fatais
doses do licor
as facadas
da loucura
suicidas
do Amor
Mais escura
A tela, o beijo
Sumindo no
Rosto da face
Do quadro
Na parede
Nao vencendo
A crua sede
Dos tijolos
Vivos, pendurados
Sobre os tetos
De nossa casa
Modesto albergue
Contra o tempo
Construído
Veloz,
Desaparecimento
Atroz,
Envelhecimento
Feroz
Quando, sei
E quando sinto
Os mesmos
Beijos, apesar
Dos anos tantos
Os mesmos
Traços, nos
Contornos
Invisíveis,
Desfocados,
Dissolvidos com
As cores da
Imagem,
Perdidos nos
Teus beijos
Tão fugazes
Da paisagem
Do nosso
Ser, dissolvidos...
Quando morro
Sem te ver
Meu amado
Imortal
Quando parto
Sem ter conhecido
O meu
Verdadeiro
Amor
Que sempre
no mesmo
Espírito
Morou...
E assim,
Quando partimos
Sem face,
Sem destino
Me deixas
Apenas um
Retrato na
Memória
Uma sombra
De angústia
No pensamento
De algo
Que veio,
E que passou
Pela pele de tantos
Rostos...
E no refúgio
De uma lembrança
Sequer um beijo
Me deixaste
Ou um feixe de luz
A lanterna que Iluminaste
A saída nesse mundo
De caverna
Quando partiste e sequer a cor
"Verde"
De teus verdadeiros
Olhos
Me olhando
Revelaste
FC
LES AMANTS
René Magritte
Lindo....Amei.... 🌟💫✨⭐️👏👏💋
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