Fiel de ti e de ti somente, nunca escaparás de ti mesmo, de
ti o único perseguidor,
Criador único do teu destino, pedra sobre pedra, fugindo de
ti mesmo
É justamente quando te encontrarás, perdido, no meio do
caminho, sobre olhos sem Predileção, ou julgamento, as pedras e os espinhos de
teu ser sempre
Em moldável formação, argila dos meus pensamentos, quando
pensei
Por um instante de abandono, desterrar-te de meus sonhos, e
deixar-te
Nas movediças areias de um deserto exílio, em serena ilha
amarelada pelas pinceladas de Gauguin,
um revoltoso oceânico temporal
Da abrandada praia me arrancou, e de volta para o
tempestuoso visceral ondulante bascular oceano o eterno pugilista incansável Destino me atirou,
força esta indomável, quando sempre me coloca de volta na trilha de mim mesmo!
Ao som das trovoadas inflamantes, tronando os tijolos dos
muros rompidos dizimados, os filhos frutos de um passado assombrado, as cracas
que grudam no casco dos barcos, nas quilhas
e no cascado, e destoam de mira certa, soando como ruídos na melodia de
Zéfiro invencível de um velejar certo e constante, as flechas inabaláveis dos
arcos inquebrantáveis e inoperantes pelas mãos dos ardilosos embusteiros, os
flechados pretendentes dentro e fora de nós, inúmeros farsantes, os
pretendentes à ocupação de nós mesmos e da nossa fiel amante, quando assim não encordoaram
o arco e a vela que nos pertence, a chama que somente nós atiramos ao
sol, e numa reta, no meio do olho do astro atinge, e a duvidosa dúbia fala da
quimera cinge, bifurcando a língua
ofidiosa da serpentária venenosa Esfinge, desmanchando sua pomposa impostação
vocal, triturando sua entonação, sua armada postura, sua mítica figura, sua falsa representação, respondendo
as suas perguntas, seus incansáveis testes e armadilhas mil com um simples
olhar e com um simples sim:
Sim, eu sou o Homem.
Para a vida e para mim, entorno do futuro no presente que me
importa, para além de um passado inexistente, reluzo o fluxo dourado dos amores
dos tempos vividos e viventes, dos seres amados no presente, nos tijolos que
plantamos a cada segundo, com cada olhar benevolente, aquilo que não se desfaz,
aquilo que não some mais, o que não tem fim, as sementes que regamos e o que
plantamos na alma do nosso jardim, e na Terra do meu peito jaz. Sim, eu te atravesso, eu te decifro, eu te
devoro até o último instante de tudo que sobrar te ti em mim.
FC
OEDIPE ET LE SPHINX
Gustave Moreau
Maiscuma sacada , super criativa, que brinca com o nosso livre arbítrio, ,o queremos parecer, para nós e para os outros, o quanto de venenos que digerimos e outro tanto que aspergimos...um pouco do desamor que constantemente nos tenta...👏🏼👏🏼👏🏼🙅🏼🙅🏼🙅🏼❤️😘
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