Os quadros falam sem dizer. Falam dentro de nós, gritam, choram, fazem nos ouvir vozes que muitas vezes não queremos escutar. Mas em si, são emoldurados pelo silêncio inerente aos objetos, às pinturas. Um quadro não fala. Mas se fizermos uma ligação das vozes presentes nos quadros mudos, que nós ouvimos cada vez que apreciamos um obra de arte de significativo porte, e as molduras que cercam a tela, poderíamos dizer que são elas, as barras, as selas, as contendoras das vozes dessas inúmeras pinturas que imploram para dizer o que já está sendo dito. As molduras do silêncio. A prisão em torno dos homens, que vivem numa cela invisível, e não falam, não cantam, não sorriem. Talvez se removêssemos as grades que nos cercam, ou as molduras das pinturas, o silêncio seria quebrado e nossos gritos seriam mais do que uma breve, passageira, e interior inaudível loucura silenciosa. Assim, resolvi remover as molduras do silêncios dos tantos quadros que contam a nossa história, e deixar eles falarem através de um interlocutor, que como qualquer outro, poderia escutar, outros silêncios, outras vozes, outras alegrias, outras dores.

domingo, 31 de maio de 2015

AS MÃES DA TERRA

Mães, já nascem da Vida plena
Ventres áureos de outras mães
Mães sempre nascem de mães
Assim como pétalas sempre
Nascerão da flor...

as Mães
Nascem para continuar sempre
Nascendo, cada dia um pouco
Mais, e quando mães, mães se tornam
Os cuidados e carinhos desfloram
E cada dia também passa como
Longas despedidas, uma hora a mais
É uma hora a menos de mãe na Terra,
Quando Mãe é eterna violação de tudo
que entende-se por lógica, regras, ligação
Quando violam todos os obscuros
Do mundo para serem somente
Absolutas mães, como as chuvas mornas
De um verão, rejuvenescedoras,
Nossas precedentes originadoras,
Tranquilizam os nossos solos quentes
Ressecados pelo palor da Vida, com suas
Sábias palavras Maternais e olhares
De zelo e compaixão, o intraduzível
Olhar de mãe!

Inquestionável geratrizes de mundos
E do mundo, que nas lendas dos olhos
Tão profundos, nasceu de uma mãe
Única inefável raiz, as mães dos nossos
Filhos, ponderadoras como argutas
Mães felinas, sempre cuidam das palavras
Transformadoras,  e sobre o jeito que se diz
Mas implacáveis como leoas, estarão
Sempre prontas para ameaça mínima
Sequer, sobre o diamante de seus ventres
Motivo este que as fazem brilhar como
A mais solar estrela na liberdade do céu
Interminavelmente...

Cuidam como ninguém nesse mundo
Sabe cuidar! Sabe, às vezes eu me pergunto
Como seria um mundo onde todas
As mães estariam mortas? Como seria
Possível sem mãe viver? As vezes
Me pergunto quando será  a hora, e o porque,
Que nessa Vida tão cheia de surpresas,
Temos todos essa certeza, e penso que de
todos os nossos Adeus, esse será certamente
o que trará a maior tristeza...Será aquele
Que só iremos perceber quando as nossas
Queridas e perpétuas mães não mais
Estiverem lá, ocupando o vazio  lugar
de um trono imaculado
deixado sobre
A mesa...



"Progenitora geratriz, obrigado por cada lágrima
De preocupação por sempre acima de tudo
Tudo ter sempre ter feito para me ver sempre
FELIZ"

FC


                                           "MÃE E FILHO"

                                             Gustav Klimt

Nenhum comentário:

Postar um comentário